Sinopse:

Ao receber uma ligação sobre a morte de sua melhor amiga, Brenda volta a sua cidade natal, Lageado Grande. Lá, ela vai ao velório de Nicole, onde encontra seu rosto marcado por facas. Uma dúvida surge: será que realmente foi um acidente como todos falam?
Ao voltar para casa algumas pistas aparecem, e Brenda fica obstinada a investigar a morte de Nicole. Ela decide então voltar às suas raízes. Porém o tempo parece ter mudado muitas coisas, inclusive as pessoas que ela imaginava conhecer.
Envolvida em uma rede de intrigas, dinheiro, drogas e traição, ela se vê prestes a montar um quebra-cabeça, onde cada peça parece se encaixar com extrema exatidão. E a solução para esse mistério pode revelar um segredo escondido há muito tempo.

Autora: Raquel Machado
Páginas: 117



Ela se lembrava de como era inocente quando era mais jovem. Na sua infância lia contos de fadas e acreditava que teria uma história de amor como os das princesas, encontraria alguém de forma inesperada, esse seria o amor de sua vida e viveriam felizes para sempre. Quando se apaixonou pela primeira vez, imaginou que o destino havia colocado a pessoa certa no seu caminho e naquele momento não teria mais com o que se preocupar.


Ela tinha mania de sair do trabalho e ir direto para a biblioteca municipal, aproveitar os últimos minutos de expediente da bibliotecária para conversar um pouco e escolher algum livro para levar para casa. Ela era apaixonada por leitura, em alguns momentos acabava vivendo mais na história de seus livros do que no mundo real, viajava com as tramas e se envolvia com os personagens de tal forma que era como se eles realmente fizessem parte de sua vida.
Nem sempre prestava atenção nas pessoas que estavam ao seu redor, mas reparou naquele rapaz, eles costumavam chegar à biblioteca no mesmo horário, iam às mesmas sessões literárias e saiam praticamente juntos, mas nunca haviam conversado. Certa vez a moça reparou que o rapaz estava usando uma camiseta do Grêmio (mesmo time que ela torcia), o que a fez ter mais vontade de conversar com ele, mas a vergonha a impedia. Ela não gostava de tomar o primeiro passo, era tímida demais para isso.
Ele gostava de ir à biblioteca e reparou naquela moça que sempre escolhia livros que ele já havia lido, achava graça nessa situação, mas ela parecia ser um pouco distraída e talvez não tivesse reparado que os dois sempre se encontravam por ali. Sem querer acabou ouvindo uma conversa dela com a bibliotecária, ela contava entusiasmada sobre um jogo de futebol enquanto a outra parecia nem ouvir o que ela falava (talvez não gostasse muito de futebol), e ali ele soube que ela torcia pelo mesmo time que ele e no outro dia fez questão de chegar à biblioteca com uma camiseta do seu time. Sua intenção deu certo, ele percebeu o olhar da garota sobre ele e o sorriso que ela lhe deu, mas ela parecia não ter dado muita importância e ele achou melhor não chegar perto dela.
E assim foram se passando os dias, ela percebia que ele sempre a olhava, mas também parecia não ter coragem de chegar perto dela, talvez não fosse para eles se conhecerem e nem se tornarem amigos.  



A professora de Matemática havia sugerido que Sophia fosse monitora de Arthur, já que ele estava com dificuldade em todas as disciplinas. Sophia não aceitou muito bem a ideia, achava que ajudar o garoto pudesse atrapalhar seus planos e seus estudos, já que acreditava que ele não ia colaborar com a monitoria e apenas faria com que ela perdesse seu tempo; mas por outro lado, ela não podia recusar uma sugestão feita pela professora, ainda mais se isso a ajudasse a conseguir créditos no colégio. Assim decidiu que no dia seguinte aceitaria essa difícil missão.
Arthur não conseguia aceitar que precisaria da ajuda de uma garota, principalmente essa sendo Sophia, que era a única no colégio que não se importava com ele. Seu orgulho era tamanho que preferia reprovar do que aceitar que ela, justamente ela, o ajudasse. Mas no fundo sabia que não teria outro jeito, teria que aceitar.