Incontáveis vezes ela havia tentado lhe
explicar o que estava acontecendo em seu coração, todas as suas inseguranças e
seus medos. Ela sabia que o relacionamento entre os dois estava fadado ao
fracasso, e ele sempre dizia que o sentimento era mais forte e que isso os
uniria para sempre. Mas ela sabia que não era assim, porque ele estava se
afastando, ele não dava importância para o que havia de mais simples na vida
dela e ela não podia mais contar com ele. Os dois sempre se apoiaram um no
outro e isso não acontecia mais, ela sentia que toda vez que pedia atenção para
ele, estava se humilhando, como se a pouca atenção que ele dava para ela fosse
apenas uma obrigação e ela não aguentava mais essa situação. Ela tinha duas
opções, continuar nesse relacionamento apesar das adversidades ou terminá-lo e
aprender a conviver apenas com sua própria companhia.
Sempre achei que não encontraria a
pessoa certa e não conseguia acreditar na existência do amor. Observo os casais
que estão ao meu redor e só vejo banalidade, como se o que unisse as pessoas
fosse apenas o medo de ficarem sós. Não há mais amor, apenas medo da carência e
da solidão. Eu também era assim. Tinha medo de que ficaria sozinha e acabava me
envolvendo em relacionamentos superficiais. Tentava acreditar que realmente
gostava da pessoa que estava ao meu lado, mesmo que no fundo eu soubesse que
isso não era verdade.
Mas então, você apareceu. Você apareceu
e virou meu mundo de cabeça para baixo. Nunca havia sentido isso por ninguém e
sequer consigo explicar o que se passa comigo quando você está por perto. Você
me faz sorrir e me faz perder o chão. Eu via o mundo em preto e branco e você
me fez vê-lo colorido. Você me fez voltar a acreditar: no amor e na felicidade.
Você é a pessoa certa, é como se você tivesse sido feito pra mim. E eu pra
você. Às vezes eu sinto como se isso fosse magia, porque é difícil acreditar
que você realmente existe. A minha vida só começou a fazer sentido quando você
apareceu. Não me lembro de como eu era antes de você.
Sophia e Arthur estudavam juntos desde
crianças, mas se falaram poucas vezes, não tinham qualquer tipo de proximidade
um com o outro. Ele era daquele tipo de garoto que gostava de chamar a atenção,
era popular e conquistava todas as meninas que estavam ao seu redor. Ela era
uma garota simples e estudiosa, que se preocupava mais com os outros do que
consigo mesma.
Sophia não gostava muito de Arthur,
achava o rapaz muito egoísta e mulherengo. A impressão que tinha era que ele se
importava mais com quantas mulheres poderia ficar do que com seus estudos e seu
futuro. E ela não gostava disso, não gostava da forma como ele agia. Achava que
um dia ele se arrependeria de ser assim. E achava errada a forma como ele
tratava as mulheres. Ficava inconformada por vê-lo tratá-las como se elas não
tivessem importância, como se só existissem para servi-lo.
Arthur admirava Sophia, achava que ela
era diferente de todas as outras mulheres que ele já havia conhecido. Admirava
sua beleza e sua inteligência, mas não entendia os motivos pelos quais ela
nunca se interessou por ele, por isso achava que havia algo de errado na
garota. Ele conseguia conquistar todas as mulheres, menos Sophia, e isso o
intrigava.
Com o tempo vamos aprendendo quem
realmente vale a pena ter em nossas vidas, percebemos que cada pessoa vai ter
uma parte diferente de nós e consequentemente vamos acabar priorizando alguns
em detrimento de outros. E tudo bem, é assim que a vida funciona. Cada relação
construída é diferente, cada amigo seu te conhece de determinada forma, para
cada pessoa você se doa de forma diferente.
E às vezes é difícil lidar com o
fato de que os nossos sentimentos e os daqueles que nos relacionamos são
diferentes, às vezes estamos mais disponíveis do que os outros, nos preocupamos
mais e estamos dispostos a estar ao seu lado incondicionalmente, mesmo que a
outra pessoa não faça o mesmo. Apoiar alguém e não pedir nada em troca é uma
das maiores provas de afeto que podemos dar. Se realmente amamos, não podemos
exigir que as outras pessoas nos amem da mesma forma. A vida não funciona
assim. Em qualquer relacionamento, sempre vai ter aquele que ama e se entrega
mais, e você deve estar preparado para ocupar esse papel, se esse for o caso.
Isso não significa que os outros não gostem de você ou não te considerem,
apenas possuem uma forma diferente de lidar com os próprios relacionamentos. E
não há nada de errado nisso. Você não precisa se desesperar, ficar triste ou
sofrer porque alguém não te ama da forma como você gostaria. A culpa não é sua.
E na verdade, a culpa também não é do outro. Ninguém tem culpa pela forma como
lida com os próprios sentimentos.